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Escola Viva 20/10/2010


No dia 20/10/2010 fui convidado a participar de um evento na Escola Viva  Ensino Fundamental e Médio S/A - Vila Olímpia - São Paulo -SP.

O evento foi uma mesa redonda promovida pelos alunos para debater questões sobre energia, desenvolvimento e preservação. E o melhor foi os pais desses alunos formarem a platéia, e participarem ativamente do debate.

Os alunos fizeram um trabalho de pesquisa muito bem elaborado, com aprofundamento no tema, estavam bem atualizados e com fortes convicções. Acho que tanto eu quanto os pais ficamos admirados com o potencial daqueles estudantes.

Minha participação foi apresentar os projetos sobre captação de água da chuva e aquecimento solar.

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Para falar sobre o Aquecedor solar levei um sistema de 100 litros com dois coletores (um feito com forro de PVC e outro feito com tubos de PVC).

Essa configuração é muito rica, pois pude falar sobre cada modelo e tanto alunos quanto os pais puderam conhecer outras opções além dos equipamentos industrializados.

 

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Expliquei o funcionamento e os benefícios que o Aquecedor solar pode gerar para o usuário e para a preservação do meio ambiente.

O banner com o circuito hidráulico completo deixou bem claro o que é necessário fazer na casa para implantar o sistema.

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Para falar sobre o Aproveitamento de água de chuva levei o Filtro de água de chuva de baixo custo e o separador de águas de chuva de baixo custo. Expliquei os princípios técnicos de como fazer a captação e o correto Aproveitamento de água de chuva.

Seguindo o tema falei sobre o Reúso de água do banho para as descargas no vaso sanitário;  demonstrei a Bomba de água manual que serve tanto para o Reúso em casas térreas como para bombear água de chuva de uma cisterna para um reservatório em cima da casa, para depois ser distribuída para alguns pontos como descargas no vaso sanitário, regas de plantas e lavagens de pisos; tudo sem uso de energia elétrica.

E para finalizar, demonstrei o Vaso freático ecológico e seus benefícios.

Após minha apresentação os pais fizeram uma série de perguntas, e em seguida os alunos se aprofundaram nos temas que eles levaram para a mesa.

Foi muito animador vê-los tão decididos de que precisamos desenvolver, mas sem agredir a natureza, sem comprometer a flora e a fauna e sem invadir territórios preservados por povos locais.

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No final surgiu a grande dúvida: Qual é a solução para a crescente necessidade de energia no mundo?

Na minha opinião, temos que fazer uma grande mudança, que será remodelar desde hábitos corriqueiros até criar geração de energia conforme as condições de cada região, e isso pode ser desde um simples cata-vento ou roda d'água até grandes usinas eólicas, solares, térmicas, etc. mas sempre sem interferir no meio ambiente. Assim podemos ter energia distribuída pelo mundo conforme as necessidades e condições de cada região. Não podemos criar hiper-usinas para abastecer várias cidades ou estados causando grandes desastres ecológicos; não é esse o caminho; temos inúmeros exemplo pelo mundo de que essas usinas não são a melhor opção. Na Europa por exemplo, estão criando vários parques eólicos, solares, etc. para desativar principalmente as usinas nucleares que produzem um lixo radioativo ENORME, e esse lixo vai para o meio ambiente comprometendo seriamente o meio ambiente por muitos e muitos anos. O caminho é: vamos fazer uso racional de todos os recursos renováveis; sabendo usar, nunca vai faltar.

Para quem desejar ir mais a fundo nessas questões, sugiro que pesquise sobre "Permacultura".

 

 
O assunto chamou a atenção do meu Mestre Christoph Keutmann que mora na Alemanha. Vejam:

" Olá Edison,

apreciei muito o debate tido por vc na Escola Viva, na vila Olímpia.

De fato, uma das questões fundamentais da sociedade moderna é a disponibilidade de energia.
Em grande parte e primordialmente, energia elétrica.
No passado, e até pouco, foram construídas mega-usinas (em especial no Brasil: usinas hidrelétricas) nos lugares onde era propício de as construir do ponto de vista "rendimento técnico".
Um problema associado à geração distante dos lugares de consumo: são necessárias extensas e complicadas redes de transmissão e de distribuição da energia elétrica gerada, com todos os seus problemas e pontos fracos (apagão).
Bem sabemos que qualquer represa é uma catástrofe para o meio ambiente, salvo raríssimas exceções. Os danos ambientais à flora e fauna são indescritíveis e mais ainda, a mudança climática causada pela forte evaporação de águas das superfícies dos lagos das represas, criando extensas neblinas, a baixa da temperatura média e o aumento descontrolado das precipitações. O micro-clima local muda drasticamente.
Hoje em dia, a tendência é de:
1º: Economizar energia elétrica, pois é a forma mais eficiente e menos cara de impedir a construção de novas mega-usinas.
2º: Tentar optar por gerar energia elétrica de forma descentralizada, ou seja o mais perto possível do ponto de consumo, para reduzir as perdas por transmissão e os riscos envolvidos com os mesmos.
Porém, nada é tão simples como o leigo possa pensar, com a exceção da produção de energia elétrica num local isolado, sem acesso à rede elétrica. Essa solução "ilhada" é auto-suficiente ou seja, produz somente na quantidade do que ela própria necessita, não há intercâmbio com outros usuários da rede.
Já, no momento em que injetamos energia elétrica numa rede no lugar onde antes havia um consumidor, o comportamento da rede muda por completo. A começar pelas questões de segurança. É que na rede "normal", a energia flui dum lugar (a subestação, o transformador) para o consumidor. No caso duma falha, desliga-se a energia no ponto de entrada e pronto, o resto da rede para baixo está de-energizada e pode-se seguir a consertar o defeito que criou a necessidade de desligar a fonte.
Agora imaginem pequenas usinas elétricas em muitas casas/lugares (tipo fotovoltaica, co-geração, moinho de vento, etc) fornecendo energia "rio acima". Então a rede de distribuição terá que ser redimensionada para esses casos afim de poder desmembrar seções menores da mesma e isolar a parte defeituosa. Esse problema é nada trivial e requer um (re-)planejamento profundo e uma gestão eficiente da rede.
Mas a idéia de gerar a energia elétrica o mais perto possível do consumidor é a solução mais eficiente pensável. Em especial, se a geração é feita em pequenas unidades termelétricas: o inevitável calor a ser descartado do processo de geração pode ser muito bem utilizado para aquecimento do lar e da água do banho, aumentando consideravelmente o utilizo da energia primária.
Outro ponto a ser considerado para a estabilidade duma rede elétrica: o consumo da energia (potência neste caso) numa rede diversificada não faz saltos para arriba ou para abaixo. Ela muda aos poucos, aumentando nas chamadas horas de pico onde muitas pessoas começam a usar o chuveiro elétrico ao mesmo tempo ou oficinas começam a trabalhar na mesma hora e diminuindo nas horas de baixa quando a maioria da população está a dormir.
A energia elétrica, com todas as suas vantagens, tem um sério problema: é de difícil armazenagem. É quase impossível produzir energia quando a temos farta para empregá-la das reservas quando faz falta. Ela tem que ser gerada na mesma hora em que ela é necessária ao consumo. Com isso, as grandes usinas aumentam e diminuem a geração no ritmo do consumo, passo a passo. Se ao invés começamos a ligar grandes parques eólicos (moinhos de vento com geradores) à rede elétrica, criamos um sério problema de estabilidade: o consumo permanecendo fixo durante um certo período de tempo vai criar um problema: estamos injetando mais potência na rede do que pode efluir dela. É que nem numa rede de água: se bombeamos mais água nela do que está sendo consumido, a pressão aumenta ao ponto de estourar um cano no meio da rede que tenha um ponto fraco, criando uma vazão adicional que vai "equilibrar" o sistema de distribuição. Na rede elétrica é semelhante: a tensão da rede aumenta. Como isso nunca deve acontecer, pois os danos em parte seriam irreparáveis (geladeiras, tvs e tudo ligado queimando), um (ou mais) dos geradores produzindo energia tem que reduzir a sua potência a fim de evitar esse desastre. Aí é que enfrentamos o problema da velocidade de mudar a potência instantânea gerada duma usina: não dá. As massas rotativas, a pressão nas caldeiras, as massas de águas em movimento nas adutoras etc tem uma grande inércia e com isso se opõem a uma mudança rápida das condições. Mudanças só podem ser feitas gradualmente, aos poucos. Com isso chegamos ao ponto crucial do emprego de energias renováveis para redes elétricas: como manter a estabilidade das mesmas com fontes geradoras que podem, por momentos, dar verdadeiros saltos de potência (rajada de ventos nos moinhos, nuvens se cobrindo/descobrindo nos painéis fotovoltaicos, etc, etc)? Vamos ter que inventar e por em prática novos métodos de gestão de redes elétricas com alto teor de mudanças a curtíssimo prazo para poder gozar a vantagem da energia gerada em equilíbrio com a natureza e o meio ambiente.

Me desculpem a extensão desta "explicação" mas achei oportuno esclarecer alguns pontos-chave do problema.
Se tiverem duvidas e/ou perguntas: estou á disposição para respondê-las no ramo das minhas possibilidades."

SDS,
Christoph Keutmann.++++

Minha resposta:

"Olá Mestre, grato pela rica explicação.
De fato, vai ser preciso investir em aparelhos controladores de potência, como os que são usados para energia eólica e fotovoltaica; mas com a descentralização em massa, o custo e a formação das redes ficarão mais fáceis, e a sugestão é para que as casa tenham seus acumuladores de energia (bateria estacionárias) +/- igual as caixas de água que usamos aqui no Brasil."
 

E a aventura continua.
Abraços, sucessos e até +,
Edison Urbano.
Criação, P&D e disseminação em tecnologias de baixo custo.
e-mail: ediurb@sempresustentavel.com.br
site:
www.sempresustentavel.com.br

Sempre sustentável é estar sempre consciente de que todos os seus atos no dia-a-dia vão refletir no meio ambiente; cabe a você selecioná-los.


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