A população da região Sudeste do Brasil nunca imaginou que um dia
pensaria em ter uma cisterna em casa. Nesses tempos de mudanças
climáticas inevitáveis e descaso
das empresas e poder
público que administram os sistemas de abastecimento de água, esse
cenário deixou de ser algo inusitado. Recurso indispensável nos lares
de moradores de regiões que sofrem com longos períodos de estiagem,
agora as cisternas vêm sendo incorporadas ao cotidiano dos habitantes
das regiões Sul e Sudeste.
Para quem ainda não conhece, a cisterna é tão simples quanto útil:
trata-se um reservatório que, interligado a um sistema de
encanamentos, recolhe a água da chuva e a armazena para uso doméstico
geral.
Em muitos lugares do Nordeste, as cisternas são feitas com placas
circulares de cimento para formar um grande reservatório subterrâneo
que pode acumular até 16 mil litros de água. Elas são fundamentais
para famílias que vivem na região do semiárido e não contam com
abastecimento público eficiente. O projeto Água
para Todos do governo
federal destinou R$ 5,5 bilhões entre 2011 e 2013 para a instalação de
750 mil cisternas nas regiões Norte e Nordeste do país1.
Ter uma cisterna em casa é uma possibilidade real. Apesar de
não viverem as limitações climáticas do Nordeste brasileiro, os
cidadãos paulistas assustados com o racionamento e a possibilidade de
um rodízio severo imposto pela Sabesp já
estão se mobilizando para ter uma cisterna em casa. As chuvas
que caíram na região não conseguiram dar repor o nível de sistemas
como o Cantareira, que ainda está abaixo do volume útil.
Mesmo que a situação dos reservatórios venha a se estabilizar, captar
água da chuva é sempre uma maneira sustentável de não desperdiçar um
recurso que parece abundante, mas não é. Trata-se de uma
conscientização da nossa responsabilidade de cuidar melhor dos
recursos naturais.
Como fazer uma cisterna?
Em São Paulo existe um grupo de pessoas dedicadas a ensinar a
população como fabricar e instalar cisternas em casas e condomínios
residenciais. É oMovimento
Cisterna Já, formado por ativistas cuja preocupação é disseminar
práticas sustentáveis e humanizadoras entre os moradores das grandes
cidades.
Para
incentivar a montagem e uso desses reservatórios, o grupo criou uma página
na internetonde
ensina, passo a passo, como instalar uma pequena cisterna que cabe em
qualquer canto do quintal ou área de serviço. No manual, há
informações desde onde encontrar o material necessário até a montagem
e os cuidados com o tratamento da água das chuvas para torná-la
utilizável. Essa água pode ser empregada na limpeza geral da casa, na
descarga do vaso sanitário e na irrigação de plantas. Só não é
aconselhável para o consumo humano, como tomar banho, beber ou
preparar alimentos.
Esses
sistemas de cisternas caseiras foi idealizado pelo engenheiro Edison
Urbano, que adora criar utensílios e estruturas úteis para o dia a
dia. Ele as chama de Projetos Experimentais de Baixo Custo. São
soluções fáceis e baratas que, de acordo com Urbano, podem gerar
conforto, economia, segurança, entretenimento e qualidade de vida no
lar. E a cisterna criada por ele é assim mesmo. Pode ser feita com
materiais comprados em qualquer loja do comércio de construção civil:
bombonas plásticas, tubos de PVC, torneiras simples e filtros.
Na página de site do Movimento
Cisterna Já há uma
relação atualizada de endereços onde encontrar todo o material
necessário. O link traz também uma agenda de cursos onde qualquer
pessoa pode aprender a instalar o equipamento. Os responsáveis pelo
projeto também divulgam uma relação de profissionais e empresas que
oferecem serviços de montagem e instalação das cisternas.
fonte:
http://namu.com.br/materias/cisternas-solucao-contra-falta-de-agua