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http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2015/02/inventos-podem-ajudar-empresas-e-consumidores-economizar-agua.html
Edição do dia 10/02/2015
10/02/2015 21h37 - Atualizado em 10/02/2015 21h37
Além de reduzir as perdas do sistema por vazamentos, o JN mostra que é
importante utilizar a água com bom senso.
O Jornal Nacional mostrou, na segunda-feira (10),
imagens de água jorrando com força, com fartura, em muitas cidades
brasileiras. Mas eram vazamentos na rede de distribuição das empresas de
saneamento. Era desperdício. E num momento em que milhões de brasileiros
têm sido incentivados a economizar, a usar a água com bom senso. Nesta
reportagem, o repórter Alberto Gaspar mostra como as empresas podem
fazer isso. E nós, os consumidores, também.
Ideias que germinam como nunca nos quintais, nas casas dos paulistanos.
Os primeiros inventos de Edison foram para economizar nas despesas
domésticas. Hoje, ele compartilha as descobertas de graça, com quem
quiser aproveitar. A minicisterna armazena água da chuva recolhida do
telhado, que serve para regar as plantas e lavar pisos.
Já a água do chuveiro da família passa por outro reservatório e abastece
a descarga do banheiro. A mesma água usada duas vezes.
“São seis mil litros, para uma família de quatro pessoas. Eu deixo de
consumir os seis mil litros da agua que vem lá do Cantareira. Então, eu
preservo a água de lá”, explica o empreendedor social Edson Urbano.
É tudo muito barato, fácil de fazer e com todos os filtros necessários.
Mas foram anos e anos tentando convencer as pessoas.
“Está mudando por causa da dor de sentir a falta da água”, diz Edson
Urbano.
Pais de quatro filhos, André e Angela abraçaram a causa. Na reforma da
casa, no ano passado, incluíram uma cisterna para quase três mil litros
de água de chuva. Que nem se nota, no quintal, coberta por esse gramado.
“É uma garantia e tem até um pouco de consciência tranquila. Fiz minha
parte. O que dava para eu contribuir, contribui. Produzo, de uma certa
forma”, afirma André Fidler, professor de educação física.
Produz, mesmo. Capta e dá utilidade ao que, em geral, vai direto dos
telhados para as ruas, bueiros, galerias. E nos temporais de verão tem
contribuído para alagamentos.
“É quase um pesadelo. Porque você tem enchente e falta água na
torneira”, conta Marússia Whately, diretora do Instituto Sócioambiental.
Ambientalistas e estudiosos propõem captação de chuva em grandes áreas.
Sobre supermercados, shopping centers, até estádios. A água que se
acumula nos piscinões, reservatórios hoje usados só para conter
enchentes, também poderia ser útil.
“Nós teríamos uma quantidade de água coletada, é uma água de graça,
bastante significativa”, explica Ivanildo Hespanhol, professor da USP.
Água, mesmo suja, não deveria ser vista simplesmente como lixo. Ela é,
no mínimo, bastante reciclável. Mas a Grande São Paulo nunca teve uma
política pública consistente para tratar mais e melhor os esgotos.
A Sabesp, companhia estadual, não coleta todo o esgoto das cidades que
atende na região. Não trata 32% do que coleta. E mesmo o tratamento é
superficial. O esgoto polui os cursos d'água. Poluída, a represa
Billings, que guarda hoje dez vezes o volume de água do sistema
Cantareira, tem uso limitado na produção de água potável. Só agora a
Sabesp anuncia obras para aproveitar um pouco mais esse manancial.
A Grande São Paulo consome muita água, que vem de longe e de regiões
mais baixas. Caso do Cantareira, o principal manancial. E dos que estão
previstos, como o do rio São Lourenço e o da interligação da bacia do
rio Paraíba do Sul.
O ideal seria aproveitar melhor essa água trazida com esforço.
Hoje só uma das estações da Sabesp produz água de reuso em quantidade
significativa, toda destinada a um polo petroquímico. O professor diz
que em cinco anos as estações de tratamento de esgoto poderiam ser
remodeladas. A água de reuso serviria para reforçar o abastecimento da
população.
“Nós estramos trazendo água, gerando esgoto que nós não podemos tratar.
A prática é utilizar a água que está aqui em cima. Não necessita
concreto, grandes obras, por exemplo. Ele necessita apenas utilizar um
sistema de membranas, no mesmo reator existente. E produzir uma água de
qualidade muito boa para alimentar os reservatórios, onde seria captada
a água, tratada, para distribuição para consumo humano”, explica o
professor.
Por enquanto, o governo anunciou duas novas estações, pequenas, desse
tipo de água de reuso.
“Por que isso não foi feito no passado? Era muito caro. E agora, através
da tecnologia, já começa a ficar economicamente possível. Sem dúvida
nenhuma temos que caminhar para reutilização das aguas aqui mesmo”,
afirma Jerson Kelman, presidente da Sabesp.
Outro desafio é reduzir as perdas do sistema. Só em vazamentos na rede
desaparece um de cada cinco litros de água tratada. Ou 12 mil litros
desperdiçados por segundo.
“As tubulações aqui da cidade de São Paulo são muito antigas, muitas têm
mais de 70 anos, estão na região central, de difícil reassentamento,
difícil correção”, afirma o presidente da Sabesp.
O fato é que a crise e esse novo olhar da sociedade em relação ao
desperdício têm gerado bons exemplos. Em um shopping center, a água vem
toda de um poço artesiano. E o esgoto, tratado na usina, se transforma
em água de reuso. Tingida de azul, ela serve para as descargas, lavagem
de pisos e o sistema de ar condicionado.
“Deixamos de consumir da concessionária 5.500 metros cúbicos. Esse
volume de água é suficiente para atender 27.500 habitantes por um dia. O
bem social desse projeto é maior do que o bem financeiro pra nós”, diz
Luiz de Moraes, gerente de operações do shopping. |