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Renovar é preciso |
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18/03/2011 Renovar é preciso
30 • Cidades • Brasília,
sexta-feira, 18 de março de 2011 • CORREIO
BRAZILIENSE
Crianças, jovens e adultos mostram como simples atitudes podem reduzir o
consumo de água e contribuir para uma vida em sintonia com a natureza
Renovar é preciso
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Quando Lucio Costa, no fim dos anos 1950, projetou Brasília para ter 500
mil habitantes não se imaginou que, em meio século, a capital do país já
teria atingido a marca de 2,6 milhões de pessoas. Com o crescimento
acelerado da população, o consumo de água também vem sendo seriamente
afetado. Segundo estudo realizado pela Companhia de Saneamento Ambiental
do DF (Caesb) em 2009, a atual disponibilidade dos mananciais pode não
atender a demanda dos brasilienses nos dias de maior consumo, quando o
sistema já chegou a operar com 96,9% da capacidade.
O levantamento serve de alerta aos pesquisadores, às autoridades e à
população. Cada vez mais, poupar água é uma forma de aliviar os gastos e
diminuir a responsabilidade com a degradação ambiental.
O longo período de estiagem enfrentado pela população do Distrito
Federal anualmente, somado à dependência de 90% da barragem dos rios
Descoberto e Paranoá para a obtenção de água potável, motivou o geólogo
alemão Detlef Walde a buscar soluções para a escassez do líquido. Ele
coordena o projeto IWAS Água DF, cujo objetivo é garantir que a
distribuição dos recursos hídricos atenda a expansão da demanda na
capital e no Entorno.
Assim como Walde, outras pessoas estão agindo com a mesma intenção. Um
colégio particular do Lago Sul, por exemplo, resolveu mudar os hábitos
dos alunos. Há dois anos, o professor de química da Escola das Nações,
William Mendonça, sugeriu que fosse adotado o projeto Horta Mandala*
para incentivar o uso consciente da água. “A horta permite que os alunos
tenham contato com a educação sustentável e aprendam essa cultura. A
aula, muitas vezes, é externa. O professor de física pode levar a turma
até lá e falar sobre hidrostática. Assim como o de matemática pode
calcular, por exemplo, o círculo, a área, o comprimento”, conta o
professor.
A horta dispõe a plantação em círculos ao redor de um reservatório que
capta água da chuva. De dentro do depósito, o líquido é bombeado por
meio de tubos plásticos suspensos, que passam por toda a área. Os tubos
possuem furos pequenos por onde a água escorre e irriga as plantas. Com
a adoção desse modelo, o projeto ganha o status de autossustentável e
gera economia.
A aluna do 3º ano do ensino fundamental Carolina Duarte conta as lições
que levou para casa. “A gente tem que desligar o chuveiro no banho
enquanto está ensaboando o corpo, fechar a torneira quando está
escovando os dentes e, para molhar o jardim, usar o balde em vez da
mangueira.” O colega de classe Henrique Sousa está educando toda a
família.“ Se a minha irmã demora muito no banho, eu falo para ela não
gastar mais água. Quando meu pai está fazendo a barba, aviso para fechar
a torneira”, completa. |
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Na escola, outras iniciativas ajudam a conscientizar, desde cedo, os
pequenos. O Projeto Água, dos alunos do 3º ano do ensino fundamental,
apresenta vídeos, documentários e palestras que detalham temas como o
ciclo da água e a importância de economizar esse recurso. Já no ensino
médio, os estudantes participam da Fábrica Escola, onde produzem, com o
auxílio do professor William, produtos de limpeza a partir do
reaproveitamento do óleo usado na cantina do colégio.
Eles também cuidam da horta.* Experiência de sucesso Criada pelo
administrador paraibano Willy Pessoa, a Horta Mandala surgiu para ajudar
famílias de baixa
renda do Nordeste, principalmente do sertão. Como a irrigação é feita
por meio de pingos ininterruptos de água, mesmo em regiões secas e com
pouca ocorrência de chuvas, a horta pode funcionar o ano inteiro.
Informação na internet
Para quem já não está mais na escola, mas busca informações para reduzir
o consumo de água, uma boa pedida é a internet. Diversos sites
especializados em meio ambiente reúnem informações sobre o assunto e
ensinam a elaborar projetos caseiros.
É o caso do Sempre Sustentável
(www.sempresustentavel.com.br). Idealizada pelo técnico agropecuário
Edison Urbano, a página foi criada após uma pesquisa feita pelo
paulistano, que buscava alternativas para reduzir os gastos do orçamento
doméstico.
Depois de aprender com auxílio de uma organização não governamental,
Edison passou a se dedicar à divulgação gratuita dos trabalhos. Entre
eles estão o projeto de construção de uma cisterna que capta chuva e a
montagem de um sistema de reuso da água do banho para a descarga.
Além disso, há dicas simples, mas eficientes, como a que ensina os
internautas a ajustarem a vazão do chuveiro. “Assim como eu precisei de
ajuda, sei que, se mantiver essa iniciativa, mais pessoas poderão se
beneficiar e aliviar as contas de casa. Elas ainda vão colaborar com a
preservação do meio ambiente”, orgulha-se.
A promotora de eventos Selma Ottoline não demorou para perceber que
poderia usar a água da chuva na lavagem de mesas e cadeiras das festas
que organiza. A coleta é feita em reservatórios improvisados e o líquido
que sobra é reaproveitado na limpeza do quintal. “No futuro, tenho um
projeto de construir calhas no telhado que recolham a água da chuva para
uma cisterna”, aposta. |
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Matéria enviada por:
Marianna Rios
Correio Braziliense -
www2.correiobraziliense.com.br/sersustentavel/ |
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